A Web na era da Computação Cognitiva

O termo computação cognitiva surgiu para descrever a capacidade que damos às máquinas de simular alguns processos cognitivos realizados pelo nosso cérebro.

Foto de um dispositivo Kindle Créditos da imagem: John Keogh

A Web possibilitou o surgimento de modelos de negócios revolucionários, negócios disruptivos que alteraram muitos mercados e passaram ter alcance global com facilidade. A utilização de aplicações baseadas em Inteligência Artificial transforma, novamente, esses negócios, levando-nos a um novo momento de revolução.

A área de IA possui hoje a maturidade necessária para que seja aplicada em uma variedade cada vez maior de negócios, desde a entrega de comidas à aplicação em carros autônomos.

Se em outros momentos definimos o contexto pelo qual a Web passou - afinal, quem não se lembra do termo Web 2.0, usado para definir o momento de mudança na dinâmica da geração de conteúdo na Web? - hoje estamos classificando o momento como uma era da computação cognitiva e da inteligência artificial. É possível notar essa transformação ao analisarmos o uso de IA, cada vez mais presente e ubíquo, em cenários como agricultura, saúde, redes sociais e e-commerce.

O termo computação cognitiva surgiu para descrever a capacidade que damos às máquinas de simular alguns processos cognitivos realizados pelo nosso cérebro. No campo de visão computacional, por exemplo, existem aplicações e pesquisas que buscam simular o sentido da visão, que nós humanos possuímos, e dar essa capacidade para que as máquinas identifiquem imagens de maneira até superior que a nossa.

Reconhecimento de voz é um dos sentidos simulados pela máquina e que vem atingindo níveis de precisão superiores ao nosso. A IBM apresentou um case em que aplica visão computacional em conjunto com técnicas de reconhecimento de voz para melhorar na identificação e reconhecimento de discurso.

A Carnegie Mellon University (CMU) possui um projeto de pesquisa chamado Read the Web, no qual os pesquisadores partem da hipótese de que os computadores podem aprender a ler. O departamento de Machine Learning da CMU desenvolveu um sistema chamado NELL, Never-Ending Language Learning, que está lendo todo conteúdo disponibilizado na Web e aprendendo fatos a partir dos textos “lidos”.

As aplicações de computação cognitiva podem não ter atingido o mesmo grau de sofisticação e penetração que as aplicações de IA, baseada em grandes quantidades de dados, atingiram atualmente. Contudo, iniciativas como o Human Brain Project, co-financiado pela União Europeia, com a proposta de avançar com pesquisas de computação, neurociência e medicina com foco em computação cognitiva farão com que a área floresça ainda mais nos próximos anos.

Diante deste cenário futuro, cabe a nós entender o papel da Web nesta era da Computação Cognitiva.

O desenvolvimento de aplicações web certamente passará por mudanças, o comportamento dos usuários ao navegar nos sites já está tomando nova forma. Devemos ter em mente que essas novas gerações deixarão de utilizar teclado e mouse para interagir com as aplicações, e não só utilizarão dispositivos touch screen, mas também farão uso de dispositivos como os capacetes Emotiv EPOC, de interface cerebral.

A intersecção do desenvolvimento web com outras áreas, assim como já ocorre com UX, precisa ser ampliada a fim de obter contribuições de áreas como Brain Computer Interface (interface cérebro-computador), Realidade Virtual e Computação Cognitiva.

Para discutir estas questões, nós do Ceweb.br e W3C Brasil, estamos organizando a conferência Web.br com o tema “A Web na era da Computação Cognitiva”, contando com especialistas de diversas áreas que nos ajudarão a enxergar os próximos anos do desenvolvimento da Web. Esperamos te encontrar na Web.br! :-)

Este artigo foi publicado na Revista iMasters (Edição #26) e no site do Ceweb.br.


Newton Calegari
💻 Product Manager | 📚 CS & Design Professor
@newtoncalegari